12 de setembro de 2010

A coleção arqueológica particular Catú-Auá no município de Carmo do Rio Claro - MG, e o painel de pinturas rupestres de Capitólio - MG

RESUMO

Uma área delimitada em 2.277 km² foi estudada no presente trabalho. Durante o período, vários sítios foram mapeados por levantamento de superfície, observando a potencialidade de toda a região. Neste trabalho o georeferenciamento dos sítios não será apresentando.
Muitos artefatos inteiros e fragmentos de culturas distintas foram os objetos de estudo deste trabalho, as peças foram catalogadas e classificadas.
A coleção Catú-Auá, de propriedade de Sr. Antonio Adauto Leite, possui artefatos líticos polidos, líticos lascados, cerâmicos e mineralógicos diversos. No processo de estudo e classificação dos artefatos, pode-se observar uma presença de líticos lascados superior aos de cerâmicas, e uma diversidade de cachimbos também.
O outro objeto de estudo foi um painel de pinturas rupestres localizado no município de Capitólio, MG, a poucos quilômetros do município de Carmo do Rio Claro, MG, onde 60 pinturas basicamente abstratas, de formas diversas, foram fotografadas e desenhadas, e que serão publicadas parcialmente neste trabalho.
Após pesquisa bibliográfica e museológica ficou claro que a coleção possui artefatos de três tradições culturais: Aratu (Sapucaí), Tupiguarani e Neo-brasileira.
A coleção foi parcialmente organizada nas suas tipologias, limpas e fotografadas. Foi feita uma apresentação deste material para a Promotoria Pública do município de Carmo do Rio Claro, MG.

Palavras - chave: Arqueologia Catú-Auá, Pinturas Rupestres, Tradição Aratu
(Sapucaí), Indústria Lítica, Indústria Cerâmica, Tupiguarani, Neo-brasileira.

Autor: Edson L. Gomes

ATENÇÃO: Todos os trabalhos aqui apresentados terão seus resumos publicados, caso exista o interesse nos trabalhos, favor enviar um e-mail para f.arqueo@gmail.com  que teremos o prazer de enviá-los por e-mail o mais breve possível.

9 de setembro de 2010

Material de campo

Boa tarde, como vão os trem tudo?!

Depois de mais uma maratona de volante, dirigindo pelas estradas tortuosas do Vale do Ribeira-SP, estamos de volta. Hoje gostaria de apresentar uns ítens básicos para se levar em campo.
Pode até parecer besteira, mas ouvi algumas histórias de que alguns profissionais e técnicos que não tem nem colher para escavar... Bom, todos os ítens que serão apresentados abaixo tem sua utilidade e o melhor, cabem todos em uma mochila (de tamanho normal).


Trena de 5m

Item de baixo custo e muita utilidade, você poderá realizar as medições e a localização das ocorrências dentro das quadrículas, medir o tamanho das sondagens e estratigrafia do solo.

Colheres
Os tamanhos variam conforme a necessidade, a colher maior pode ser comprada em sites especializados em material de campo como o Forestry-Suppliers. Porém, você poderá comprar uma colher de pedreiro mesmo, emcontrada em casas de material de construção e casas agropecuárias, mas não esqueça de passar em uma serralheria e mandar cortar a sua colher como achar melhor.
Atenção: algumas marcas de colher de pedreiro são de aço, dessa forma, é melhor o serralheiro cortá-la com um esmeril, caso contrário ela irá estilhaçar como vidro.
A colherinha laranja, é comumente encontrada nas mesmas lojas citadas, além de alguns supermercados no setor de jardinagem. A grande utilidade dela é quando estamos dentro de uma quadrícula e precisamos remover o sedimento delicadamente para não quebrar o fragmento/ocorrência.

Espátula

As espátulas podem ser úteis quando precisamos quebrar alguns torrões de terra, acertar o perfil estratigráfico, ou simplesmente raspar algumas imperfeições do nível artificial.

Sacho com cabo pequeno
Dentre as ferramentas pesadas usadas em campo (enxadas, cavadeiras-de-mão, enxadões), pode-se utilizar essa pequena ferramenta de jardim para remover o solo com mais precisão e delicadeza. Muito útil quando se trabalha dentro de quadrículas com grande quantidade de ocorrências de variados tipos.
Ainda assim será útil, para acertar a parede da sondagem.
Trena com 50m
A trena com 50m é largamente utilizada para as medições e delimitações dos sítios arqueológicos. Toda a escavação tem que ter pelo menos uma trena de 50m. O preço costuma variar um pouco, entre R$25 e R$60, não custa fazer uma pesquisa de preço ante de adiquirir uma.

CONTINUA EM BREVE...

Museu de Arte Sacra de São Sebastião e tradição ceramista: um encontro

Museu de Arte Sacra de São Sebastião e tradição ceramista: um encontro


Clayton Galdino1


RESUMO
O presente trabalho aborda as atividades realizadas na edição 2008 da Semana de Museus em São Sebastião, suas consequências e, sobretudo, suas potencialidades. Convida o leitor a conhecer as partes integrantes deste evento: a atividade ceramista tradicional, a Capela de São Gonçalo - Museu de Arte Sacra, os alunos das oficinas culturais e a necessidade de disponibilizar e compartilhar o patrimônio cultural com a sociedade. Uma breve abordagem sobre a política de Arqueologia Pública do município de São Sebastião é apresentada.

PALAVRAS-CHAVE: Tradição ceramista; Educação em Museus; Arqueologia Pública

Introdução
Os museus brasileiros encontram-se, atualmente, diante de um cenário marcado por novos desafios. Buscam oferecerem lazer e educação frente a novas ferramentas de entretenimento e informação como, por exemplo, a rede mundial de computadores e TV paga mais acessível. O público se defronta com velhos problemas, como ritmo de vida atribulado e escassez de recursos, cenário que naturalmente nos faz priorizar necessidades ditas básicas.
No entanto, uma missão maior precisa ser vencida, que é a inclusão de grande contingente de brasileiros sem acesso a equipamentos culturais. E o que é pior: muitos destes cidadãos moram na área envoltória de equipamentos culturais ou passam diversas vezes em sua porta. E a entrada muitas vezes é de graça!
Alienação, descaso? Falta de atenção à arte e a cultura? Certa dose pode ter. Mas será o ambiente do museu acolhedor? A linguagem é acessível? O acervo e o tema propostos têm significado para a comunidade do entorno ou para o público em geral? Não cabe neste trabalho fazer a análise global da museologia brasileira sobre este cenário, mas nos permitimos fazer estas perguntas ao olhar para o Museu de Arte Sacra de São Sebastião. Espaço pequeno, acolhido em singela capela colonial. Tudo arrumado, limpo... e só!

1 Turismólogo, Especialista em Preservação e Restauro do Patrimônio Arquitetônico e Urbanístico. Integrante do Departamento de Patrimônio Histórico de São Sebastião. Mestrando em Arqueologia pelo MAE-USP, sob orientação da Profa. Dra. Maria Cristina Mineiro Scatamacchia.

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6 de setembro de 2010

Cadeira para campo

Sei que pode paracer besteira, mas o conforto em campo conta e muito para um bom desenvolvimento dos trabalhos. Aos que tiveram a oportunidade de participar de um trabalho de campo, mesmo durando poucos dias, sabem que seria ótimo ter um pouco mais de conforto inclisive para as costas.
Deixando a propaganda barata de lado, vamos divulgar uma acessório extremamente útil, um banquinho portátil da Quechua.
Seguem o link neste post, aos que tiverem interesse em adiquirir, fiquem atentos, pois essa banqueta pode ser encontrado pela bagatela de R$29,90... O mais interessante característica desta peça, é seu pouco peso e a facilidade de transporte.

Meus caros, fico por aqui com mais essa dica para vcs...

Abraços

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3 de setembro de 2010

Sítio Arqueológico São Francisco

[AQUI
 VESTÍGIOS ARQUEOLÓGICOS E FONTES DOCUMENTAIS – O CASO SÍTIO ARQUEOLÓGICO SÃO FRANCISCO 01
Aline Mazza e Salles1, Profº Ms. Wagner Gomes Bornal2
1Unimódulo – Centro Universitário/Departamento de História, Rua Frei Pacífico Wagner, nº 653, alinemazza2@ig.com.br
2Prefeitura Municipal de São Sebastião/Departamento Patrimônio Histórico, Av. Dr. Altino Arantes, nº 174, deppat@saosebastiao.sp.gov.br

Resumo- Palco de grandes transações comerciais, São Sebastião foi destaque na economia nacional dos séculos XVIII e XIX. A instalação de inúmeras propriedades agrícolas favoreceram seu desenvolvimento e promoveram a riqueza da região porém, muitas destas unidades de produção declinaram ao fim do sistema escravocrata, em 1888, sendo abandonadas repentinamente. Exemplo disso é o Sítio Arqueológico São Francisco 01, objeto de estudo desta pesquisa que objetiva, através da coleta de fontes orais e documentais, buscar informações precisas sobre os segmentos sociais que ocuparam essa instalação, sua real função econômica e o verdadeiro motivo de seu abandono.

Palavras-chave: sítio arqueológico, memória oral, fontes documentais.

Introdução
Com a chegada do europeu ao Novo Mundo, houve a necessidade do homem adaptar-se ao “novo meio” e desenvolver técnicas de produção que resultassem no aproveitamento econômico das planícies costeiras, como foi o caso de Sâo Sebastião, no Litoral Norte de São Paulo. Dentre as tantas atividades que marcaram a história do município, a indústria açucareira, durante os séculos XVII e XVIII foi responsável pelo aparecimento de inúmeras unidades de produção agrícola. Posteriormente, foram adaptadas para o plantio do café, que superou as expectativas dos proprietários, contribuindo novamente para a riqueza da região.
Com o fim do sistema escravocrata em 1888, São Sebastião conhece uma fase de estagnação econômica bem como a diminuição da lavoura e comércio; o empobrecimento da população que volta-se para atividades mais diversificadas, entre elas a pesca artesanal, as lavouras de milho, mandioca, feijão etc. Esses fatores desencadearam o declínio de diversas propriedades agrícolas e consequentemente o abandono de muitas delas, o que constitui um sério problema quando se pretende realizar um estudo mais aprofundado da região. Convém frisar que, grande parte da documentação a cerca da história do município acabou sendo extraviada ou até mesmo destruída, principalmente quando sugeria atividade de cunho clandestino, como é o caso do Sítio Arqueológico São Francisco 01. Os vestígios arqueológicos encontrados em seus limites, a ausência de fontes documentais que faça referência ao local, são fortes indícios de clandestinidade. Conforme ressalta Márcia Merlo: “(...) remonta ao tráfico clandestino dos negros. Tudo leva a crer que não era uma fazenda de café, mas sim um mercado de escravo que abastecia a região, o Vale do Paraíba, quem sabe, até o Oeste Paulista”.Depoimentos orais de antigos moradores da região, caracterizam as construções como sendo restos de uma “antiga fazenda, propriedade de um senhor de muita riqueza e grande número de escravos”.

A Lenda
“Reza a crença que o proprietário, homem muito rico, de nome Joaquim Pedro, fez um pacto com o demônio, prendendo-o numa garrafa. Enquanto estivesse preso, o fazendeiro prosperidade e não morreria. Num dia, enquanto estava no canal de São Sebastião, sua mulher, desavisadamente, abre a garrafa, libertando o capeta. No mesmo instante, Joaquim Pedro morre. Seu corpo é levado à sede da Fazenda. Durante o velório, á noite, ouve-se grande estrondo, seguido de escuridão completa. Sobre o telhado, aparece o diabo carregando o corpo do falecido. Diante da terrível cena, todos fogem apavorados. Como funeral simbólico, enterram um pé de bananeira no lugar do corpo. O local passa a ser abominado pelos locais e é abandonado para sempre”. (BORNAL. 2004, Comunicação pessoal).
Com base nesse pressuposto e, reconhecendo o potencial informativo das fontes orais e documentais como recursos esclarecedores das lacunas existentes, esta pesquisa tem por objetivo a coleta e análise documental, que forneçam informações significativas a respeito dos setores sócio-culturais que ocuparam aquelas instalações no passado, aptos a referenciar a pesquisa arqueológica ora em andamento.

Metodologia
A metodologia de pesquisa ora aplicada combina o recurso à memória oral, a investigação bibliográfica e arquivística. A primeira etapa constitui-se da coleta de depoimentos orais de moradores antigos do Bairro São Francisco da Praia, local onde está localizado o sítio em estudo, que transmitem suas crenças, mitos e lendas através de oralidades; para tal finalidade, será aplicado o procedimento da História Oral Temática, que consiste na técnica de entrevistas e procedimentos articulados entre si que garantam o registro da narração da experiência humana.
Interpretar depoimentos de indivíduos de qualquer grupo, não é possível sem que se tenha um referencial teórico sobre a cultura do grupo e suas transformações no decorrer do tempo, portanto, qualquer estudo feito em um determinado grupo deve analisar seus processos históricos e sua significação. A definição de memória bem como sua distinção da história é uma discussão presente nos últimos anos. Pierre Nora defende que " a memória é a vida, e está em permanente evolução, aberta a dialética da lembrança e do esquecimento(...). É um fenômeno sempre atual, um elo vivido no eterno presente(...) se enraíza no concreto, no espaço, no gesto, na imagem no objeto(...)" (NORA, 1993:9). Para ele a necessidade da memória está ligada à necessidade da história, e que neste sentido a "memória dita e a história escreve". (NORA,1993:24).
Quanto à investigação bibliográfica cabe ressaltar que, a pesquisa está sendo norteada pelo primeiro trabalho científico e acadêmico realizado sobre o objeto de estudo que consiste na Dissertação de Mestrado: SÍTIO HISTÓRICO SÃO FRANCISCO 01 – CONTRIBUIÇÃO À ARQUEOLOGIA HISTÓRICA, do orientador deste trabalho, Profº Ms. Wagner Gomes Bornal, que também é o arqueólogo responsável pelo sítio em estudo desde 1995. As demais fontes bibliográficas estão sendo acrescentadas conforme a necessidade.
No que concerne a investigação arquivística, foi adotada a seguinte estratégia: coleta de fontes documentais que mencionem semelhanças com a lenda corrente, o nome de Joaquim Pedro, o senhor de escravos, e todos que apresentarem alguma relação com o mesmo. As fontes documentais estão sendo coletadas dos Livros de Óbitos e Casamento no Arquivo Municipal de São Sebastião, Cartório de Notas do Município, Listas Nominativas (maços de população), que fornecem referências sobre as produções de antigas fazendas da região, bem como os nomes de seus respectivos proprietários e Cúria de Diocesana de Caraguatatuba.

                                           Figura 1 - Certidão de casamento de Joaquim Pedro

Resultados
O desenvolvimento do trabalho acabou por comprovar a existência de Joaquim Pedro e de sua esposa Anna da Cunha, com base nas fontes documentais descobertas através da investigação arquivística. Curiosamente, o auto de casamento menciona que o matrimônio se deu por motivo de “cópula ilícita”, bem como vem revelar que Anna da Cunha descende dos “Escobar”, uma família de posses de São Sebastião e que por sua vez, mantinha terras na região da Figueira e Bairro São Francisco, localidades que acomodam o sítio em questão. Ainda traz indícios de que o casamento provavelmente foi realizado sigilosamente e, sem o consentimento familiar.

Discussão
Os argumentos passíveis de discussão giram em torno da relação que o “lendário” Joaquim Pedro poderia manter com as terras em questão. Apesar de ser citado diversas vezes como senhor de posses, nos Registro constantes no Cartório de Notas, inexiste documentação que comprove a sua relação com o Sítio Arqueológico São Francisco 01. Todavia, o casamento de Joaquim Pedro com Anna da Cunha, descendente dos Escobar, fornece fortes indícios que convergem para a possível realidade de ter sido Joaquim Pedro o guardião das terras mencionadas, corroborando com as afirmações obtidas através de depoimentos orais dos antigos moradores da região.

Conclusão
Por fim, conclui-se que as fontes documentais passíveis de consulta compõe um conjunto de informações que podem ser exploradas, confrontadas e complementadas entre si. Prova-se que o estudo investigativo da história pode ser enriquecido sob diferentes olhares, assim com um leque de possibilidades, frente a diversidade de experiências vividas. Vestígios arqueológicos, munidos de memória rumam a outras epistemologias, que submetidos a uma somática acareadora, reproduzem com maior fidelidade e riqueza, aspectos da vida social, cultural e econômica do Sítio Arqueológico São Francisco 01.

POST INAUGURAL - SEJAM TODOS BEM-VINDOS

Em 2010 estamos entrando em uma nova fase, finalmente colocaremos nossas dúvidas a prova e teremos o prazer de publicar estudos, links, fotos e demais informações relevantes ao público especializado e também ao público geral.


Abraços 

FP